quarta-feira, 29 de setembro de 2010


O lado de lá...

Repensando os versos dessa obra, questiono-me, inquietantemente – o que faz dos versos a poesia? Como desconstruir os hiatos silentes do poema? É, meu amigo. Esse é Naldo Velho. Apontando-nos o lado de lá da poesia. Um ambicioso autor traçando e desvelando linhas e cantigas. Dançando no tempo. O seu alvo, a alma. Perceber e compreender a linguagem da sensibilidade que combinam arranjos verbais e significação pelos quais vislumbramos nossos sentimentos e recordações. É verdade: do “lado de cá mora um poeta” que navega em águas revoltas e desconhecidas. Desbravador, solitário almirante. Um poeta. Fazendo-nos compreender a natureza da fala poética.
Mozart Carvalho

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O Cervo e o Lago


Esopo Αἴσωπος é um lendário autor grego, que teria vivido na antiguidade, ao qual se atribui a paternidade da fábula como gênero literário. Esopo nasceu na Frígia. Floresceu 550 anos antes de Jesus Cristo e foi contemporâneo dos sete sábios da Grécia. Foi escravo nos primeiros anos de vida.
As Fábulas de Esopo serviram como base para recriações de outros escritores ao longo dos séculos, como Fedro e La Fontaine. Elas ainda remontam uma chance popular para educação moral de crianças.
O Cervo e o Lago é uma história baseada nas fábulas de Esopo. Os animais são personificados: falam, cometem erros, são sábios ou tolos, maus ou bons, exatamente como os homens. A intenção de Esopo, em suas fábulas, era mostrar como os homens podiam agir, para bem ou para mal.
O autor, humildemente, apresenta uma versão atualizada desses ensinamentos. Na esperança de recuperar valores que se perderam nos dias de hoje.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010



Torna-te aquilo que és.
Nietzsche

A poesia que se faz depois da queda. Sucumbamos. A rude economia das palavras nos versos de Às Origens, de Luzineti Espinha, corresponde à linguagem primeira, seca e ríspida nas imagens que o poeta apresenta. É o presságio da tragédia humana. Vigora a coragem de chafurdar no inferno e se perceber primeiro, oriundo do mais profundo umbral. Trata-se de uma busca alucinante pela existência. O nó de nossa genealogia ainda não foi desfeito.
É o elo perdido exposto na nossa consciência poética. Mas lembremos que do Ser e do Espírito nada se perde. A arte reside na percepção anímica que é fonte inesgotável de conhecimento.

“des
ci
tropecei em mim,
perdi-me de vista
e continuei a
des
ci
da”

A autora se posiciona de forma amargurada diante da incompreensão de nossa origem. De onde viemos é o que importa, todavia para onde vamos, não interessa. A verdade é que nos avistamos “entre os quadrúmanos” e somos mal - más e fazemos muito mal - caca. E retomamos a nossa Origem – MACACA.

Senhoras e Senhores. Apresento-lhes:


ÀS ORIGENS
Luzineti Espinha

sucumbi,
chafurdei-me;
conspurquei-me;
coabitei com os exus
des
ci
tropecei em mim,
perdi-me de vista
e continuei a
des
ci
da
até avistar-me
entre os quadrúmanos
má e caca.

Mozart Carvalho