quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Puta-que-pa...

No peito a camiseta rasgada
o ventre desnudo
na precipitada chuva
gotejava desmedidamente
o forte – a face
abençoada do sexo
e as putas-que-pariram
(deliberadamente)
enchiam-se de
desejos

Mozart Carvalho

sábado, 20 de novembro de 2010

imprevisível...












que cada brisa
traga o beijo
um corpo nu
moreno de desejo

salgado, curtido
um sopro mágico – gemidos
elos invisíveis
que quebram distâncias

geram a espera
o imprevisível.


Mozart

AINDA



o sono atravessa o sonho
num sutil movimento
vontades – pontes na imaginação
ruínas infinitas
prelúdio de imagens – unção


como construir a vida
unindo na amarga argamaça
cacos, fracassos, desejos

(?)

nem que seja

Ainda
Mozart

Revista Literária Plural



Uma proposta inovadora a Oficina Editores, lança no dia 25/11, às 18hs, no Barra on Ice, Av. Américas nº1510, a 4º Revista Literária Plural, para os amantes e simpatizantes da boa poesia.
A Revista Literária Plural vem contemplar o universo poético, com autores inéditos e já consagrados, como Olga Savary, um preito à Ferreira Gullar pelos seus 80 anos, o saudoso poeta luso-carioca Francisco Igreja com uma crônica inédita e uma homenagem a Flávio Rubens por Glenda Mayer.
Destaque para o Roteiro Carioca de Poesia.
Por cingir os diversos gêneros literários a faz uma revista literariamente plural.



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Biblioteca de Paquetá




Minha PAIXÃO de LER.

Verdade que Paquetá nos inquieta com sua beleza natural. Um povo acolhedor, simples, que expressa sutileza de viver a cada dia como se fosse o único dia de nossas vidas. O vai-vem das ondas mansas, que alcançam as praias serenas da ilha num ritmo compassado. Um verde multivariado que recorta o céu azul. O sol, ah! O sol que ora vem e vai com as ondas. Uma inocente brincadeira nas águas mansas da Baía de Guanabara.

O que falta para essa terra de ilhéus? Uma biblioteca? Bem foi nesse espaço que encontrei abrigo para deixar a personagem de meu livro andar de bicicleta. Foi lá que encontrei, na minha imaginação, o Cervo e nas matas de Paquetá – o lago.

O meu público, as crianças do Preventório, sentadas e inquietamente ansiosas a espera da pequena narração.



O sonho começou. O meu sonho misturava-se com a realidade e não existia um fim. Agradeço a Claudia Luna e a Sérgio Gerônimo por abrir as portas desse caminho. Estendo também esses agradecimentos à Rosangela, responsável pela Biblioteca.


As crianças o meu carinho e respeito profundo. Só gostaria de lembrá-las que o sonho apenas começou. O meu, de poder contar histórias e delas de poder ouvir mais alguns contos que a vida poderá ofertar. A vida é boa. As feridas secam, podem até deixar marcas, mas as dores vão embora – e nos tornamos muito fortes.

Ao entrar na barca de volta ao Rio, a ilha se arredava de mim. Contudo eu não sentia o afastamento, apenas uma sensação de que a baía guardava, escondia, abrigava aquele pequeno pedaço do continente Carioca, no meu coração.

*Fotos by  Poeta Sérgio Gerônimo


Mozart Carvalho

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

100 ANOS DE SAUDADES

Noel

Já chorei as mulheres
Aquelas que por hora
apaixonei-me
Já cantei os versos
do passado
nas alamedas perdidas de outrora
e agora Noel
O que faço com a Vila
Se a Isabel já alforriou
os nossos santos
que de mãos negras
cultivaram nossos prantos
E agora Noel
Uma praça,
um banco,
uma caixa de fósforo
um batuque
incendeia os quadris
das mulatas faceiras
Bamboleando
Martinho, Sapoti
e Marrom espelham a cor
brejeira
da Mangueira, do Salgueiro
e da nossa Vila.

Mozart

sábado, 6 de novembro de 2010

Uma noite...


Nao chore a beira do meu túmulo,
eu nao estou lá.
Estou nos ventos que sopram;
Nos diamantes que sentiram na neve
e na luz do sol nos grãos dourados.
Estou nas chuvas do outono;
no voo suave das aves
e nas estrelas que iluminam a noite.
Nao chore a beira do meu túmulo,
eu nao estou lá.
Mary Elizabeth Frye