segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Vícios sombrios

cavalos sombrios
arrebentam veias
correntes
fluxos sangrentos
do veneno
tua parte morta
o corpo degenera
a decência corrompe
enrijece teus ossos
e só o tempo
só a dor instaurada
tentará reorganizar
o que foi perdido
o que foi sentido
quiçá sentido há?
carcaça de vício
esfoliando
camada por camada
do teu frágil corpo
o ranger de dentes
perdidos e malditos
tímido equilíbrio
morteum
agora tu apodreces
no abandono
corroído por vermes
fezes e germes
digerido por teus abutres
bactérias e peles
carne da tua carne
feridas semiabertas
frascos de vidros empeçonhados
sêmen e angústia
dentro o cheiro do fruto
penumbra saudosa
dos gomos e herança
de todo fim

Sabe...
não faremos mais histórias
só lembranças de ódio e pesares
como teu espólio.

(quando se perde alguém, só o desenfrear de cavalos selvagens apontarão o novo norte da vida. Com sorte me ajudará a sobreviver com dor e lembranças. E recontarei histórias. Refarei caminhos - nunca antes trilhados - 28/12/2011)

4 comentários:

  1. A dor, a vida e a poesia de cada um...Liberte todos os cavalos selvagens até o céu secar. bjs

    ResponderExcluir
  2. Obrigado pelo carinho. Mas é que ainda dói. Bjs

    ResponderExcluir
  3. Eu sei, mas deixa a porteira aberta, espalha pelos campos que vira saudade boa.

    ResponderExcluir
  4. Quando as Valquírias chegavam em seus cavalos alados traziam a dor pela separação daqueles que aprendemos a amar em dias de luta, mas traziam também a esperança e o consolo de sabermos que estávamos no caminho certo.

    ResponderExcluir