domingo, 27 de fevereiro de 2011

Ópera dos mortos

tijolos nos aproximam
 as casas geminadas
ando pela sala
portas escancaradas
cospem chaves
e solidão
anfitriã desejosa
fecha as janelas
recolhe o pó.
os dedos deslizam
sobre as xícaras na mesa
as migalhas de pão
confundem-se com o bordado inglês
manteiga rançosa
resto do matinal sustento
aroma suspenso
brioches mofados
marcas de batom nas taças
tudo distante
e por alguns instantes
os mortos repousam
sobre as lembranças
desvirginando pensamentos
em uma única palavra:
insanidade
e ao sono do piano
provo Mozart.




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