São as horas
que tiquetaqueiam as manhãs
o tempo voa
como ave de rapina
implacáveis
nas verdes campinas
ventos brandos
sopram friamente sobre o peito.
Na soleira
o hálito fúlgido do sol
dobram e quebram-se como vidro
areia revolta
no fundo das águas
Explodem nos poros
um susto...
um bem-vindo surdo
silenciando fortes trancas e ferrolhos
os olhos mágicos
são cegos
tudo é tão frágil
rígidos dormentes
espraiam-se em pó
nada sustenta mais a solidão
O corpo relaxa
nas curvas das costas do ancião
a madeira da cadeira de balanço
permanece ziguezagueando
sob os pés da mesa
A casa...
o velho corpo
e os sinos dobram
no equilíbrio das ondas do tempo
comemorando solitariamente
o renascer...
Mozart